Estou na contramão da história. Em tempos de conectividade "full time", onde o número de celulares em nosso país é maior do que o de habitantes (120 celulares para cada 100 habitantes - dá para acreditar?) , decidi me voltar cada vez mais para a leitura. Estou relendo coisas que tinha lido no passado e que não me lembrava, ou então quando era jovem demais para entender alguns textos e/ou autores. E lendo obras que gostaria de ter lido, ou indicações que vejo nos jornais e revistas. Isso provocou um aumento significativo em minha lista de coisas "a ler ou em processo" - pois tenho o hábito de ler duas ou três coisas ao mesmo tempo. E hoje li na revisa Piauí que vários aviões da TAM já permitem o uso de celulares, smartphones (será que existiriam dumbphones?), terminando com um dos únicos locais "públicos" onde se podia ler em silêncio. Doravante, nossos vôos serão recheados de conversa em sua maioria sem nenhuma necessidade, ditas em altos - e bota alto nisso - brados, revelando intimidades que não gostaríamos ou precisaríamos saber.
Mas, voltando aos livros, não prego um obscurantismo tecnológico, não ousaria. Mas é que tenho um apego não só à palavra escrita, mas também a impressa! Adoro fontes, cabeçalhos, títulos, a textura e a gramatura do papel, a impressão, tudo isso me atrai. E compro também pela capa ou pela situação - foi o que aconteceu com 400g Técnicas de Cozinha, que vi na La Vie en Douce da Carole Crema. Achei que ia aprender a fazer o bolo chiffon de chocolate daquela loja ou os perfeitos cupcakes nas páginas deste pesado livro, mas não. Explica coisas e termos que eu já sabia, e outros pontos esclarecedores, mesmo para alguém que já tem certo repertório no assunto.
A primeira vez que li sobre o delicioso Sangue, Ossos e Manteiga, de Gabrielle Hamilton, foi no blog de Nina Horta. E esta chef, dona do restaurante Prune em NYC, tem uma escrita fluente e divertida, não poupando o leitor de intimidades e desacertos. Ainda não terminei, estou no terceiro capítulo (Manteiga...), mas é raro você se pegar rindo lendo um livro sobre gastronomia. A Poesia é Para Comer tem um viés bastante original e tentador - a autora Ana Vidal une Chico Buarque, Clarice Lispector, Hilda Hist e outros tantos com os talentos de Alex Atala, Carla Pernambuco e Claude Troisgros, entre outros. Está na lista de leitura.
Bem, leitura não me falta. Apetite também não - talvez me falte silhueta e cintura depois desta comilança literária. Mas como não posso pretendo fazer parte do time de descamisados do Facebook, e a idade traz a certeza das prioridades - ou pelo menos uma "quase certeza" da maioria delas - vou encarar estas saborosas páginas com a mesma vontade que tomo um rhum&coke, também chamado de Cuba Libre. Coisas da antiga...
Muito bom! Adorei. Tanto que tenho uma indicação para fazer. O livro "Em defesa da comida", do Michael (tive que me esticar todo pra conseguir ler o sobrenome no alto da prateleira, eu não perceberia que estou envelhecendo não fosse pela minha visão!) Pollan. Michael Pollan. Tem? Já leu?
ResponderExcluirPreciso começar a ler novamente. Ainda mais agora que estou trabalhando no meu livro.
ResponderExcluirLeia correndo o livro da Dorothea sobre os doces húngaros!!! Vai enlouquecer!
ResponderExcluirWair,
ResponderExcluirAdorei o texto. Adorei o copo. Adorei as lombadas dos livros. A cortina cinza.
Certamente você já deve ter lido, mas indicarei mesmo assim, mesmo que não tenha pedido qualquer sugestão (e como odeio sugestões desnecessárias). Mas Caio F. Abreu me acompanha desde os 15 ou 16 anos de idade. Estou relendo-o e redescobrindo-o. Agora, outra leitura, outra bagagem. Se não leu, fica a sugestão. Acho que gostará.
Um grande abraço,
Marcelo
Obrigada pelo destaque do meu livro, Wair. Sou uma apaixonada por comida, como você, e também por poesia. Por isso decidi juntar as duas coisas, e ainda colorir as páginas com boa pintura contemporânea. Espero que goste tanto de lê-lo como eu gostei de fazê-lo. :-)
ResponderExcluirEsqueci-me de dizer que fiquei por aqui lendo o seu blog e ele é, por si só, delicioso!
ResponderExcluirAna Vidal
Boa tarde.
ResponderExcluirObrigado pela sua visita no meu blog. Estou aqui pela primeira vez e tenho certeza que voltarei sempre... muito lindo aqui!
Eu entendo o que você diz sobre essa overdose do on line, acho isso terrível. Na verdade prefiro muito mais o bom e velho "cara a cara", que pra mim até é mais facil e usual devido a minha profissão.
Também adoro ler, tenho fetiche pelo objeto livro, além de amar culinária. Sei fazer o bolo chiffon, não sei se é igual ao que você comentou, mas é muito bom!
Abração.
Wair, eu admito que fui conquistada pela tecnologia e a maioria do que ando lendo [tentando ler] esta no formato eletronico. Um deles é esse livro da Gabrielle, que é muito bem escrito e divertido. Já ate troquei algumas assinaturas de revistas impressas pelas eletronicas. Acho muito mais confortavel ler no tablet que no papel [nao atire tomates! ;-)] mas concordo que as vezes temos que impor um limite. Papear no telefone dentro do aviao durante o voo é realmente desnecessario. abraço!
ResponderExcluirBergamo, Diego e Angela - dicas anotadas. Bergamo, faz muito li Caio F., está na hora de reler. Cesinha, aguardo receita, obrigado! Fer, eu não nego o apreço pela tecnologia, mas o mau uso del meincomoda.
ResponderExcluirAgora , Ana, que grata surpresa tê-la aqui. Muito obrigado pelo seu livro, comecei a le-lo hoje, ele é lindo, original, invejável. Abraços!
o próximo da minha lista é o da Gabrielle Hamilton! bom saber que você está gostando.
ResponderExcluirAbraço!
Priscila Ferreira.
www.podeserpradois.blogspot.com