O vento sopra insistente, insistente demais para o meu gosto. Claro que eu podia ter optado por sentar na parte interna do restaurante, resguardada, mas decidi ficar na varanda, sentindo o cheiro da maresia e ansiando pelo surgimento da lua neste começo de noite escura. As palmeiras balançam sob esta ventania, e nenhuma estrela ainda apareceu no céu.
A caipirinha está muito bem feita. Cachaça local, um tantinho de açúcar, desce mais fácil do que deveria - o que pressupõe uma sequência, coisa que não estava em meus planos hoje.
Chegaram os pastéis - pequenos, delicados - de bacalhau. Acompanha uma desnecessária - porque mal executada - tapenade de azeitonas pretas. Pelo fato de ser uma receita simples (e que pessoalmente executo com imodesta maestria), me incomodo um pouco, mas não o suficiente para atrapalhar este lonely happy hour. Para os pastéis, um tico de pimenta faria uma brutal diferença, mas tem gente que gosta, tem gente que não gosta, portanto...
A lua, preguiçosa, ainda não deu sinal de sua presença. Ou será que ela apareceu e eu estou olhando para o lado errado? Nenhuma estrela no negro celeste, e o vento insiste em ser presença dominante. O vento é um macho alfa, concluo.
As pessoas à minha volta falam um pouco alto demais para o meu gosto, mas é característica local, vozes exacerbadas, cujo combustível são garrafas de whisky Red Label, fazendo desta capital a maior consumidora deste destilado no Brasil.
A segunda caipirinha chegou, e por sorte não está tão boa quanto a primeira O que me deixa tentado a experimentar uma terceira, para ver se foi sorte ou se o o barman é realmente talentoso. Essa minha predileção pelos números ímpares ainda vai me causar uma cirrose...
Mesclado aos sons da rua, uma deliciosa versão new something de de Ella Fitzgerald invade a varanda - aleluia, ligaram o som. Não sei quem remixou sua gravação de Angel Eyes, mas ficou...wow!
Uma menina, pobre figura, acompanhada de um gringo de visual decadente, ambos sentados à minha frente, se oferece acintosamente para mim. Triste figura, tristes trópicos...
Começa a tocar Everything But The Girl, uma música que me é especial.
Não vejo a hora de voltar para casa.
Meu querido... com essa trilha sonora eu como até vidro moído. E ainda aceito fazer um "ballbusting"... hahahaha! Bjs!
ResponderExcluirVidro moído pede trilha mais intensa...incluindo Bilie Holiday e David Bowie...
ExcluirTá certo, Wairzito!! Certíssimo! Tu sabes das coisas... ;)
ExcluirEu prefiro seu tapenade (whatever that is) a vidro moído. Volta logo que cê me/nos deve um almocinho. :-)
ResponderExcluircombinadíssimo. estou pensando em fazer um almoço sábado destes na galeria, assim vocês tomam vergonha na cara e conhecem o GabineteD...
Excluirabs!
onde é isto ... eu queeeeeeeeeero ... e o almoço devido ao Eduardo eu tb queeeeeeeeeeero ...
ResponderExcluirRecife, num bar chamado "Entre Amigos", ao lado de minha loja. Prático, não?
ExcluirPastel com recheio de bacalhau só pode ser dos deuses!!!!Eu queria muito aprender a fazer um pratinho fácil com bacalhau,será q tu podes me passar uma receitinha básica que uma semi-analfabeta da culinária consiga executar sem passar muita vergonha?
ResponderExcluirMadi, me passa seu email que te mando três receitas ótimas e facílimas. bjs!
ExcluirRecife???
ResponderExcluirVc foi poetico...terá sido a lua, as palmeiras no vento ou Ella??!
Bom retorno Wair....
Bjss
FOi o conjunto da obra, Margot...
Excluirbeijos!
Eu apostaria numa trilha sonora como Canção Sentimental de Villa-Lobos.....Daria um Air de Follie para a caipirinha e o pastel!
ResponderExcluirWair, muito obrigada pelo comentário lá no blog. Adoro quando deixam boas opiniões.
ResponderExcluirNão conhecia aqui, e vou ficar. Não pq sou tipo legal, mas porque seu texto me prendeu. Além do mais, existem duas coisas nele que me é muito agradável, caipirinha e pastel de bacalhau. Concordo que a pimenta faria a diferença mas o que é Tapenade de Azeitonas Pretas? Nunca comi... aqui nas minhas bandas eles não oferecem isso. Apenas colocam na mesa uma Tabasco. Se você sabe fazer, me manda como faz. Adoro cozinhar e fiquei com vontade rs
A música é uma velha conhecida... ahhh quantas lembranças!
Gostei muito do texto.
Bêjo
Também gostei muito de seu blog, Pattricia. Forte abraço, e obrigado pela visita. A tapenada nada mais é que azeitonas trituradas ou micropicadinhas, com um pouco de alho (e as vezes aliche)e azeite. Eu adoro...
ExcluirHum... vou fazer!!!!
ExcluirWair:
ResponderExcluirVocê é chique até quando a comida é ruim, amo a maneira como escreve, sentimos os aromas, os cheiros...rss
Beijo querido.
Tks Mr.E!
Excluirbjs
Edilson, pego carona na sua manifestação, por pensar da mesma forma.
ExcluirComo é chique este "guloso" querido, que acredita "em mudanças do tamanho de milagres"!
Bjk nos dois.
Mia
Olá Wair!
ResponderExcluirObrigada pela visita ao meu blog.
Você escreve muito bem, parabéns!
Eu amo caipirinha e pastel de bacalhau tbm, rsrs.
Quanto a sua pergunta sobre os pães amanteigados, uma
vez tentei fazer com a farinha integral não deu certo.
Abçs,
Andréa
Andréa, obrigado pela visita e pela resposta. Vamos trocar figurinhas doravante! Abs
ExcluirSuas crônicas gulosas são ótimas! anotei varias dicas suas! parabéns!
ResponderExcluirTks rapaz! Forte abraço.
Excluirmuito bacana seu relato e seu olhar das coisas.
ResponderExcluirÉ recíproco, Raier. Abraço!
ResponderExcluirPoxa que texto legal! É quase possível ver a cena... sem falar que a um "estado de espirito" de certa forma já conhecido...
ResponderExcluirObrigado pela visita no bloguinho e me perdoe pela demora, eu tenho andando em uma fase meio "conturbada"... mas volte sempre! ;-)
Abração.