food, art & spirits

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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Radiohead - Reckoner (Leftside Wobble Off-World Excursion) WAV

Porque hoje é sexta, e estou cercado pelos meus cachorros em casa, depois de ter trabalhado feito um maluco hoje; Porque hoje comecei a escrever no site da Cris e da Sophia, e estou adorando isto; Porque o calor lá fora me induz a ficar aqui dentro; Porque o Joãozinho Caminhador Red Label está fazendo efeito, depois de 3 doses... Porque o dia teve seus altos e baixos, mas sou meio Poliana e prefiro lembrar dos altos; Porque eu recusei sair para uma festa badalada, pois achei que não valeria a pena; E finalmente porque o Thom Yorke canta como poucos, boa noite! Radiohead - Reckoner (Leftside Wobble Off-World Excursion) WAV by Leftside Wobble

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Kinjiki, Calvin, Nagayama e a conexão

Ryuichi Sakamoto - Forbidden Colors by Miracle Crush

"My love wears forbidden colours
My life believes in you once again"
A primeira vez que ouvi esta música não entendi direito, pela falta do domínio do idioma . Entendia o básico, mas sutilezas apenas na minha lingua materna. Pensei em Ryuichi Sakamoto hoje, enquanto jantava no Nagayama - de como, apesar de não ter nenhum parente oriental, tenho um profundo interesse pela cultura japonesa. Embora  minha mãe fosse filha de um espanhol com uma italiana, e meu pai filho de uma libanesa, não sei porque cargas d´água escolheram o bairro da Liberdade para eu nascer, mesmo não morando em São Paulo na época. Foi neste bairro que tomei contato com a culinária que admiro e cultuo, de tal forma que me recuso a aprendê-la por achar que ainda tenho um longo caminho antes de enveredar por esta trilha de precisão e simplicidade. Foi em um karaokê típico no mesmo lugar que conheci meu companheiro há quase 24 anos atrás. É para lá que caminho sempre que estou sozinho, para fazer compras, descobrir lugares e me fartar de toda sorte de iguarias, o que contribui - e muito - para minha silhueta fora de minhas próprias expectativas. Sinto-me completamente à vontade para entrar sem nenhuma companhia em um restaurante japonês e alegrar-me de saquê ou shochu(que descobri recentemente e virei entusiasta) enquanto observo o trabalho meticuloso e quase sempre silencioso dos sushimen.
Bem, voltando ao Nagayama, enquanto eu me deliciava com um Saba Toro,
suaves sushis de Polvo, "algumas" duplas de Massago e perfeitos, impecáveis sushis de Toro (o que acrescentou alguns dígitos à minha conta...) e mais alguns Buri Toro
 - ou olho-de-boi, busquei na minha memória quem tinha me apresentado à culinária japonesa. Lembrei-me que foi a mesma pessoa que também me apresentou à delicada música de Sakamoto - meu primo, um querido amigo e percebo hoje, responsável por uma série de características de minha bagagem cultural. Com ele conheci todos os filmes do Hitchcock e Polanski, fui à minha primeira Bienal de São Paulo, vi os inesquecíveis shows de Nana Caymmi & Cesar Camargo Mariano e Alberta Hunter no extinto bar do Hotel Maksoud. Ele me apresentou à música de Milton Nascimento e Duran Duran, em nossas viagens ao Guarujá e Iporanga nos finais de semana, onde nos fartávamos de caipirinhas e mariscos. Com ele adentrei pela primeira vez no imponente prédio do Masp, onde vi meu primeiro Van Gogh. E foi através dele que conheci o Nagayama, ainda em seu início, no Itaim, no começo dos anos 1990. Gosto de pensar que, se ele ainda estivesse neste mundo, estaríamos com nossos companheiros dividindo bons momentos.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

É MAIS FÁCIL DESINTEGRAR UM ÁTOMO DO QUE UM PRECONCEITO

A frase acima não é minha, é de Albert Einstein. E Denis Diderot vaticinava que " A ignorância não fica tão distante da verdade quanto o preconceito", em versão literal. O princípio da isonomia garante a todos a igualdade de direitos, e isto está consagrado na Constituição Federal. Portanto, não é apenas inadmissível que pessoas sejam vítimas de agressão ou violência, verbal ou física, pelo simples fato de serem diferentes, pensarem diferente, agirem diferente da grande maioria. O diferente é a gênese da criatividade, a centelha que articula a evolução. Ações que agridam a liberdade e suas manifestações não são somente moralmente intoleráveis, como também legalmente inaceitáveis.
Esta é apenas uma introdução a um ato, pacífico, contra as agressões homofóbicas que ocorreram recentemente ( tanto em nosso país quanto em outras nações ), que fiquei sabendo pelo blog do Thiago Lasco, um piquenique que acontecerá sábado próximo, dia 12 de fevereiro. Este evento, de nome poético, é um claro recado - o direito ao amor, ao respeito, aos direitos civis e ao bem-estar é inalienável a todo ser humano, independente de sua cor, credo, condição social ou gênero.
Aproveite o sábado de sol, carregue sua cesta de piquenique com coisas leves, não deixe sujeira no parque, divirta-se e, se quiser, leve os sanduiches abaixo, receita típica dos chás ingleses, mas adaptada ao nosso paladar.
Sanduíche de Pepino (ou Tea Time Sandwich)

2 pepinos japoneses
80 gramas de cream-cheese
1 pires de galhos de endro fresco
2 echalotes
2 bulgos de cebolinha (apenas a parte  branca)
4 folhas de hortelã frescas
1 colher de café de suco de limão
1 colher de sobremesa de raspas de limão
12 fatias de pão de forma branco sem casca
sal a gosto
pimenta-do-reino branca moída na hora


Corte o pepino em rodelas finas, salgue e deixe escorrendo na peneira por 30 minutos.
Corte as echalotes, os bulbos de cebolinha, a hortelã em tirinhas , desgalhe o endro e misture ao cream-cheese. Coloque o suco de limão, e tempere com o sal e a pimenta-do-reino.
Enxugue ligeiramente as rodelas de pepino. 
Coloque um pano de prato limpo ligeiramente úmido em um tabuleiro ou forma retangular para receber os sanduíches enquanto montados.
Distribua o cream-cheese temperado nas 12 fatias de pão de forma, disponha as rodelas de pepino harmoniosamente na metade destas fatias, tempere com mais um pouco de pimenta do reino branca e cubra com a outra metade. Corte os sanduíches em retângulos ou triângulos, e coloque no tabuleiro com o pano e cubra com a outra metade , como se fosse uma embalagem, para que não resseque o pão. Tire da geladeira pouco antes de sair de casa. Se você tiver em casa, ou achar em algum lugar em São Paulo, pode acrescentar ao pepino sementes de papoula, dão um crocante especial.
Ótimo com limonada geladíssima temperada com um pouco de suco de cranberry, fica ligeiramente rosada e verde e rosa são as cores de uma famosa escola de samba. Sem erro...


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

a peleja entre o cachorro quente x o rotidógui...

Não sou contra anglicismos. Au contraire...Mas tem horas que a gente vê certos Frankensteins na linguagem que incomodam aquele que conhece um pouquinho mais do que o ABC. Jovens de minha equipe falam "...- vou printar esta imagem...(e eu tenho ataques de fúria pela substituição do verbo imprimir pelo to print aportuguesado). Eles costumam "startar" os trabalhos, outra variação absurda do to start, no lugar de começar, iniciar. Camões & Machado viram e reviram na cova ininterruptamente...Mas esta é apenas a introdução de um assunto - como certas receitas migram de culturas originando as as vezes acertos deliciosos, mas também verdadeiras catástrofes culinárias. Já vi receita de tapenade sem azeitona (o que era aquilo, não sei, e prefiro não saber - alias, prefiro nem lembrar...). Pasta a carbonara com molho branco e presunto e caldo de carne...Confit de magret de canard (ainda não sei o que pretendia o autor desta receita, mas não era nem um - confit, nem outro - canard).

Porém, algumas vezes as receitas modificam-se totalmente para melhor. É o caso do Hot Dog, que na versão pernambucana virou um delicioso Cachorro-Quente temperado, único, verdadeira refeição. Por melhor que seja o binômio salsicha/pão do Gray´s Papaya (mais as coberturas, molhos e etc), sua versão do Nordeste Brasileiro dá de 10! Just in case (anglicismo!), confiram pelas fotos ao lado. Um, uma mistura de carne moída e salsicha, com molho de tomate temperado (e ainda pode ser acrescido de cebola em fatias e tomate picado). Outro, salsicha e mostarda...
Abaixo, a minha receita desta iguaria pernambucana, que faz o maior sucesso em casa, onde troco a salsicha por linguiça. Oxente, hope you like it!

CACHORRO QUENTE PERNAMBUCANO

3 colheres de azeite de oliva virgem
500 gramas de patinho moído com pouca gordura
50 gramas de bacon picado
250 gramas de linguiça de lombo sem pele, despedaçada e picada
2 cebolas médias picadas
2 dentes de alho finamente picado
1 pimentão verde
1 lata de tomates pelados
2 tomates maduros sem pele e sem sementes
1 pimenta dedo de moça
1 colher de café de açúcar
sal a gosto

Derreter a gordura do bacon na panela quente, colocar o azeite, refogar a cebola, o alho, a carne e a linguiça. Refogar e deixar a panela tampada por uns 15 minutos, até que a carne fique cozida porém sem água. Acrescentar os pimentões e a pimenta dedo de moça, mexer e acrescentar os tomates picados. Provar o sal, acertar o sal e a pimenta, e esperar até que o molho do tomate incorpore à carne e vire um molho grosso.
Sirva com pão francês fresco.