Adoro ousadias, e Tom Ford sempre consegue ser ousado - foi este elemento que conseguiu no passado levantar a marca Gucci sob sua direção criativa, depois de anos de tédio e balancetes negativos. Com sua sexualidade exp lícita e altíssima qualidade de execução, ele faz o que considero roupas "para mulheres", e não para eternas mocinhas. Eternas mocinhas são aquelas senhoras de idade incompatível com o tamanho de suas sainhas Chanel, por exemplo.
Mas o que faz Tom Ford neste blog? Sua intenção de ser claro. Sua roupa é sexy, poderosa, com poucos mas definitivos elementos - e o vídeo acima é a antítese dos atuais desfiles de moda das marcas mundiais. Ele prefere mostrar suas roupas para um grupo pequeno e seleto, e fazer um vídeo (sob sua direção) que mostra em poucos minutos todo seu DNA - poder, glamour, sexualidade, atitude.
E eu gosto desta posição em relação à gastronomia. Detesto pratos "mocinha" - não prego a brutalidade gastronômica, sempre reafirmo isto - mas não gosto de comida que não me emocione. Sem "punch", sem pegada - nada a ver com quantidade, e sim com essência, com economia precisa de elementos muito bem explorados. Por isso adoro a cozinha de Paola Carosella, do Arturito - consegue uma culinária de precisão e emoção provavelmente com muito trabalho, mas sem frescuras, direta, sensual, sem muitos rabiscos ou firulas desnecessárias. Não aguento mais pratos rabiscadinhos, assim como também não aguento mais ver desfiles onde você não vê a roupa, e sim o "conceito" de um kaiser por detrás da marca. Exceção feita à Alexander McQueen, esse podia fazer qualquer coisa que eu adorava, mas é porque eu nunca soube explicar o que ele fazia, tamanha sua originalidade. Esse faz falta ainda, apesar do talento de sua sucessora. Portanto... Menos babado e mais pernas à mostra. Menos chapéu e mais desenvoltura. Menos cenário e mais substância. Less is more, gente! As periguetes que o digam - menos pano, mais corpo à mostra. Acho que não usei um bom exemplo para terminar o texto...