food, art & spirits

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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Kinjiki, Calvin, Nagayama e a conexão

Ryuichi Sakamoto - Forbidden Colors by Miracle Crush

"My love wears forbidden colours
My life believes in you once again"
A primeira vez que ouvi esta música não entendi direito, pela falta do domínio do idioma . Entendia o básico, mas sutilezas apenas na minha lingua materna. Pensei em Ryuichi Sakamoto hoje, enquanto jantava no Nagayama - de como, apesar de não ter nenhum parente oriental, tenho um profundo interesse pela cultura japonesa. Embora  minha mãe fosse filha de um espanhol com uma italiana, e meu pai filho de uma libanesa, não sei porque cargas d´água escolheram o bairro da Liberdade para eu nascer, mesmo não morando em São Paulo na época. Foi neste bairro que tomei contato com a culinária que admiro e cultuo, de tal forma que me recuso a aprendê-la por achar que ainda tenho um longo caminho antes de enveredar por esta trilha de precisão e simplicidade. Foi em um karaokê típico no mesmo lugar que conheci meu companheiro há quase 24 anos atrás. É para lá que caminho sempre que estou sozinho, para fazer compras, descobrir lugares e me fartar de toda sorte de iguarias, o que contribui - e muito - para minha silhueta fora de minhas próprias expectativas. Sinto-me completamente à vontade para entrar sem nenhuma companhia em um restaurante japonês e alegrar-me de saquê ou shochu(que descobri recentemente e virei entusiasta) enquanto observo o trabalho meticuloso e quase sempre silencioso dos sushimen.
Bem, voltando ao Nagayama, enquanto eu me deliciava com um Saba Toro,
suaves sushis de Polvo, "algumas" duplas de Massago e perfeitos, impecáveis sushis de Toro (o que acrescentou alguns dígitos à minha conta...) e mais alguns Buri Toro
 - ou olho-de-boi, busquei na minha memória quem tinha me apresentado à culinária japonesa. Lembrei-me que foi a mesma pessoa que também me apresentou à delicada música de Sakamoto - meu primo, um querido amigo e percebo hoje, responsável por uma série de características de minha bagagem cultural. Com ele conheci todos os filmes do Hitchcock e Polanski, fui à minha primeira Bienal de São Paulo, vi os inesquecíveis shows de Nana Caymmi & Cesar Camargo Mariano e Alberta Hunter no extinto bar do Hotel Maksoud. Ele me apresentou à música de Milton Nascimento e Duran Duran, em nossas viagens ao Guarujá e Iporanga nos finais de semana, onde nos fartávamos de caipirinhas e mariscos. Com ele adentrei pela primeira vez no imponente prédio do Masp, onde vi meu primeiro Van Gogh. E foi através dele que conheci o Nagayama, ainda em seu início, no Itaim, no começo dos anos 1990. Gosto de pensar que, se ele ainda estivesse neste mundo, estaríamos com nossos companheiros dividindo bons momentos.

4 comentários:

  1. Ai... chorei...
    Que lindo, Wair... E a tirinha no final é sublime.
    Te amo, te adoro!
    Cris

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  2. Que inspirado! E o Calvin, lindo!
    Parabéns , virei fã. Bjs
    Julia

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  3. Não marquei nosso jantar na terça porque fui ao Karaokê da Liberdade no aniversário de um amigo. Um barato aquele lugar. Vamos ver se conseguimos essa semana que entra... bjs

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  4. Foi no Nagayama que comi meu primero sushi... faz bom tempo... E nunca mais larguei da comida japonesa!

    Saudades do Nagayama.

    Abs
    Rogério

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