food, art & spirits

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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

dividir e multiplicar

Cheguei em casa meio tarde, cansado. Os cachorros me receberam efusivos - aliás, efusivos até demais, parece que eu fiquei dias fora, e não que atrasei-me apenas 40 minutos de meu horário normal. Creio que os cachorros não tem uma noção de tempo muito precisa, vou pesquisar a respeito. Mas, voltando. Já disse aqui que não acho ruim ficar sozinho, meu problema é que fico meio "ligado" quando estou sozinho em casa. Ouço o som no último volume, cozinho, arrumo armários, leio, arrumo armários (sim, de novo...), faço uma montanha de comidas ou de bases para estas - caldos, molhos, recheio de torta, etc.etc.etc...- tudo isto ante os olhares atônitos dos cachorros, principalmente de Leopoldo, que fica sentado entre a sala e a cozinha me olhando com uma cara de "pirou?"...
E tenho uma certa rotina para estes momentos. O primeiro - alguma coisa para beliscar, e algo para beber. Azeitonas ótimas e frescas e cebolinhas em conserva, mais uma (ou seriam três?) taça de suco de maracujá coado com vodka hipergelada e umas gotinhas de angostura.


 Tudo isto porque eu queria usar uma coqueteleira de vidro que comprei numa feirinha de antiguidades, e ainda não tinha usado. Som no alto, qualquer dia a vizinha reclama feio, mas pelo menos meu gosto musical é eclético, de alguma coisa ela vai gostar. Hoje eu andava de Elis Regina a Brad Mehldau, passando por McCoy Tyner e Everything But The Girl - ou seja, de quase tudo, um pouco.
Eu tinha vindo para casa pensando no arroz negro que tinha comido em Milão (visto AQUI), quando, coincidentemente, estava sozinho também. Imaginava em que bases eu conseguiria tingir o arroz da forma como este risotto consegue, deixando-o negro como carvão. E estava louco para uma comidinha reconfortante, visto não ter tido tempo de almoçar. Na geladeira ervilhas frescas, brócolis japonês novinho (prefiro o outro, grandão, mas este era o que tinha), alho-poró,cebolinha...Vou tentar fazer um risotto verde hoje. Acrescentei alguns bouquets de brócolis ao caldo de legumes que já tinha, reduzi um pouco e bati tudo no liquidificador. Coei 3 vezes - a última numa peneira bem fina, para obter um "caldinho verde".
Fiz o risotto como na receita abaixo, mas não consegui transformar meu arroz em verde, apenas "esverdeado".


Assim como também não consegui transformar minha noite em algo não solitário. Descobri que algumas coisas são melhores quando compartilhadas. Risotto, por exemplo. Lógico que o que sobrou eu guardei, para fazer um riso al salto, mas apesar da companhia interessada de Leopoldo (ele não é fotogênico?)

percebi que esta compulsão para o fazer é uma forma nada velada de não se sentir sozinho. Vou ter que criar uma nova dinâmica para minha vida, visto que agora moro um pouco mais longe e também que em média 15 dias do mês estarei sozinho. Pois, se não fizer algo, vou acabar engordando. Ou alguém aqui conhece outro maluco que faz risotto para uma pessoa só, tentando passar o tempo enquanto fala com os cachorros?

Risotto Verdinho
100 gramas de arroz arbóreo
600 ml de caldo de legumes
4 bouquets pequenos de brócolis
4 bouquets mais os talos dos brócolis
1 alho poró em fatias finas
1/3 de xícara de ervilhas frescas
1 dente de alho
1/2 xícara de cebolinha picada
2 colheres (sopa) de parmesão ralado grosso
1 colher (sopa) de manteiga gelada
1 colher (sopa) de azeite de oliva virgem
1 cálice pequeno de vinho do porto branco seco
Junte os talos e 4 bouquets de brócolis ao caldo, cozinhe-os bastante, bata no liquidificador e coe por 3 vezes em peneira muito fina. Reserve.
Refogue o alho poró e o alho no azeite. Misture o arroz, deixe incorporar o azeite ao arroz, derrame o porto branco, espere evaporar o alcool, coloque o caldo aos poucos, esperando quase secar para repor mais caldo. Após 10 minutos coloque os brócolis e a ervilha. Mexa durante 2 minutos, incorpore a manteiga e o parmesão ralado. Verifique e corrija o sal se necessário, acrescente a cebolinha, espere descansar 2 minutos e sirva.
Para mais de uma pessoa.

5 comentários:

  1. deu uma fominha!
    eu queria ter disposição para cozinhar, mas a faculdade tem me matado e só penso em fast food!

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  2. Quando eu morava sozinha adorava cozinhar pra mim. É uma oportunidade de fazer somente o que gostamos. Espero que hoje você jante conosco! bjs

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  3. Mas ficar sozinho por que, ainda mais com tanta comida boa sobrando? Ói eu aqui, marmitinha na mão e cara de Leopoldo Pidão! :-)

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  4. eu só cozinho pra mim, infelizmente, então as massas, os risotos, as pizzas, tudo, eu faço somente pra mim, outro dia eu quis comer uma feijoada, imagina o qnto sobrou né? e infelizmente mta coisa também se perde...

    obrigado pelo comentário no blog, mas no meu caso eu tento registrar os fatos no meu blog. obviamente são os fatos pela minha ótica, afinal, só tenho acesso por meio dela, não é?

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  5. Pois este que lhe escreve agora cansou de fazer risotto pra um, nos últimos 2 meses... a família toda no Brasil (férias de verão) e eu aqui na companhia do cachorro apenas. Me entupi de risotto a la milanese. E também outros vários, aproveitando e testando a diversidade de cogumelos e fungos que achamos aqui na China.

    Dica: minha vó quando queria o arroz verdinho, batia salsinha (inclusive os talos) no liquidificador, com um tico de água. Coava este caldo e acrescentava o necessário, de olho, ao arroz.

    abraços
    Rogério

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