Quem me conhece, sabe de minha queda por comidas e bebidas brutas - cozidos, assados, carnes mal passadas, pães rústicos, vinhos portugueses e espanhóis, gin&bourboun&cachaça, coisas desta natureza. Adoro as sutilezas contidas nestes sabores intensos, mais talvez do que em receitas delicadas - dos quais tenho admiração, claro. Mas vejo certa qualidade ancestral em alguns pratos pensados desta forma.
Semana passada, fui jantar em casa de compadre G. e comadre M. Estava nos planos pedir uma pizza na pizzaria próxima à casa deles, mas fui surpreendido por compadre na cozinha - ele também outro homem que sabe apreciar um prato sutil, mas como eu tem confessa queda por receitas mais "masculinas". E a surpresa foi dupla - ele na cozinha, e um jantar impecável. Uma peça de filé grelhada ao ponto, com interior rosado sangrando um pouco e crosta bem temperada, acompanhado de aspargos perfeitos e um arroz negro irretocável. Nada empetecado, nenhuma redução, sem espuma - apenas a escolha certa dos ingredientes de qualidade e tempo de cocção precisos.
Inspirado pela potência deste jantar, no dia seguinte fiz um steak gordo e suculento na grelha (para ódio e desespero de minha fiel escudeira Rosilda) com ovo caipira frito no ponto exato - a clara queimadinha, a gema mole. Um tico de Jerez limpou o fundo da grelha (e a garganta deste que vos escreve) e virou o molho do prato, consumido com uma ótima cerveja Paulistânia Vermelha, excelente Lager Premium de preço muito bom.
E, no domingo passado, outro acesso de brutalidade. Tinha um bom bacalhau já dessalgado no freezer, em belas postas. Após descongelar, ele foi ao forno com quantidades generosas de azeite, vários dentes de alho sem casca, cebolas, batatas cortadas ao meio no sentido longitudinal, pimentões, pimentas vermelhas e imensos e adocicados tomates em rodelas.
Brocolis passados no azeite e um ovo cozido acompanharam o prato - mediterrâneo, cheio de sabores e perfumes, untuoso (adoro esta palavra), elegantemente rústico. O bom e velho Cartuxa, português de excelente cepa, foi o par perfeito para este prato potente.
Creio que a idade me faz buscar virilidade nos pratos - talvez para compensar alguns déficits de testosterona. Meu paradoxo particular é que, apesar desta preferência pela denominada brutalidade gastronômica, ainda adoro brigadeiro, beijinho de coco, maria-mole e outros doces infantis. Ou seja - no fundo deste ogro reside um fofinho...
Adoro ogros fofinhos bem alimentados!
ResponderExcluirEstou eternamente bem alimentado.
ExcluirQue delícia!
ResponderExcluirSenti uma falta tremenda de seus posts, não nos deixe mais por tanto tempo sem suas saborosas receitas!
Tks Esdras. Forte abraço!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirdelicious
ResponderExcluirQue bom que voltou! Escreva com mais frequencia... E depois, quem sabe, aquele livro, delicioso de se ler!
ResponderExcluirEstá nos meus planos. Obrigado pela gentileza.
ExcluirDelicia de texto!
ResponderExcluirTks Mauro. Abraço forte!
ExcluirHmm. Nem vou comentar nada sobre gente que comenta que eu escrevo pouco.
ResponderExcluiracho bom - olha o telhado de vidro...rs
Excluirai, eu fiquei com fome agora...
ResponderExcluire eu eternamente com fome...
ExcluirMeu Deus,sonhando com aquele ovo da primeira foto...
ResponderExcluirMadi, isto eu faço direitinho...mas não me peça ovo pochê.
ExcluirUauuuuuuuu, estava em crise de abstinência, passei só pra dizer numsomemaisnão!
ResponderExcluirMiss you
Mia
Beijos Mia. E OBRIGADO!!!
ExcluirEstava sentindo falta dos seus textos, Wair!
ResponderExcluirJá almocei e mesmo assim fiquei com água na boca com as fotos. Delícia de comida!
Eu que não gosto de bacalhau fiquei com vontade. Belo prato. O vinho me interessou ainda mais.
ResponderExcluirParabéns!