Mas os pequenos prazeres devem ser constantes, para que tudo o mais seja relevado - aquele mala do trabalho citado acima, os fios de cabelo branco (ou pior, os primeiros pelos brancos do peito!), o projeto que não deu certo, o show que você estava doido para ir e de última hora teve um compromisso chato e formal, em suma - os pequenos prazeres estão aí para nos deixarem mais leves, inspirados, condescendentes.
Hoje tive minha cota de pequenos prazeres. Domingo de sol tímido em São Paulo, mas deu para ver o sucesso de um trabalho doméstico - o jardim de meu apartamente está dando sinais indeléveis de que veio para ficar. As heras já estão tomando conta dos muros
E sim, antes que alguém pergunte, fui eu quem plantou. A amoreira ganhamos de um paisagista generoso, e agora ela está dando amorinhas bem pequenas - mas relevemos, esta é a primeira vez que os frutos aparecem, creio que esta amoreira era virgem até então.
O aipim frito, crocante, repousa sobre o guardanapo feito por Attilio Baschera especialmente para o ano do Brasil na França ,e este grande e elegante desenhista me deu esta pequena preciosidade.
E o riesling biológico do Concha y Toro surpreendeu, delicioso, cheio de sutilezas, casamento perfeito com o salgadinho crocante do aipim.
Hoje o dia está calmo, tranquilo, da paz - como deveriam ser todos os dias. Algumas lembranças legais, algumas lembranças tristes, a leitura colocada mais ou menos em dia, Josefina repousando ao meu lado em flagrante exercício dos pequenos prazeres (ou será que para ela deitar na minha cama em cima de um dos travesseiros é um grande, inenarrável prazer?)...
Ao fundo, Marina cantando. Talvez Shakespeare tenha um pouco de razão, a vida é feita de som. Mas pego metade do conceito dele e prego que ela (a vida, claro) deveria ser feita de som e de pequenos prazeres.
Wair, sou incapaz de comentar. Talvez eu sinta. Mas sentir é tão individual. Porém, prefiro deixar essa tarefa - a do comentário - para quem sentiu o mundo de outra forma:
ResponderExcluir"Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz."
Abraços,
Marcelo
Daí eu pergunto: e precisa mais???? Hehehe! O vinho e o aipim deram (muita) vontade aqui! Hehehe! Hugz, man!
ResponderExcluirO vinho eu aceito, mas o aipim eu to meio que recusando por causa de uns pesadelos obsessivos que eu tive domingo... Abraço
ResponderExcluirAs heras estão lindas- muito capricho, lindo.
ResponderExcluirBjs
lilian r.
Wair,
ResponderExcluirMuito agradável o texto, acredito que nossa vida é feita de momentos felizes, como observar o crescimento da hera, saborear o vinho com macaxeira frita, uma noite ou dia de amor, ser embalado por um som agradável... (os momentos menos felizes servem de aprendizado).
Parabéns pelo blog.
Vânia
A cachorrinha é muito fofa!!! está certa ela...
ResponderExcluirfiquei com vontade do aipim fritinho com este vinho gelado. primeira vez por aqui, amei seu texto.
Beijus
Priscila
Bergamo - tks pelo texto. sometimes vc me irrita de tão erudito..
ResponderExcluirFernando - tenso...
Vania - muito obrigado.
Priscila - tks, e a Josefina é fofa mesmo.