food, art & spirits

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

no princípio era a sopa

A adorável personagem Mafalda sempre odiou sopa. Lembro de um quadrinho onde ela escrevia em seu diário : "querido diário, o dia está muito bonito, o sol brilha lá fora, snif snif (cheirando algo no ar), com probabilidades de sopa no decorrer do período...".

Do pouco que me lembro de minha infância, uma certeza - eu detestava sopa. Ficava sentado à mesa vendo a sopa esfriar, e minha mãe não deixava eu sair enquanto não terminasse o prato...
Hoje prego as qualidades de uma sopinha para aquecer o corpo e o espírito. Não só porque ajuda um pouco a manter a silhueta (um pouco...), mas também porque deve remeter a algo infantil - um alimento que não necessita de esforço para ser engolido. Eu confiro à sopa propriedades curativas, como o faziam nossos avós. Se estamos doentinhos, sopa é um santo remédio. Deprimidos? Sopa acalma o espírito. Exaustos? Sopa dá "sustança". Sobrou algo na geladeira que não sabemos o que fazer com ela? Sopa...

Aqui, uma sopa de tomates assados 
cuja receita consegui no Cozinha Pequena, acompanhada de uma torrada de ricota defumada (criação própria) que me derrubou de tão gostosa.
(sopa de feijão, era para ser um pasta e fagioli, mas como reclamaram em casa de massas a noite, fiquei no fagioli e basta...)
Aliás, eu credito à sopa a origem da culinária, quando alguém teve a idéia de cozinhar algo - um legume, um naco de dinossauro, sei lá - e perceber que o caldo da cocção adquiria um gosto particular. Li não me lembro onde que os caldos precederam as sopas, mas isto apenas reforça a idéia de que caldo e canja de galinha não fazem mal a ninguém (ô infâmia...). Eu acredito no poder da sopa assim como acredito na força que um prato de mingau sobre um corpo cansado - e mingau também é um tipo de sopa, sob uma análise prática.
(sopa cítrica de cenoura)
Aliás, virei fã de mingau depois de velho adulto. Talvez esteja "a recherche du temps perdu" - ou talvez tenha assumido que no fundo, no fundo, estamos todos esperando sermos alimentados por mãos carinhosas, que praticam uma culinária honesta, generosa e ancestral.
Sopa cítrica de cenoura
400 gramas de cenoura
1 colher de café de açúcar
2 colheres de sopa de azeite virgem
1,0 litro de caldo de legumes
1 alho poró finamente picado
1 talo de aipo
100 ml de laranja
1 colher de sopa de raspas de limão
noz moscada a gosto
sal e pimenta do reino branca
cebolinha picada para decorar

Refogar o alho poró e a cenoura picada no azeite, em fogo baixo. Colocar 1 colher de café de açúcar, tampar e manter no fogo baixo por 15 minutos aproximadamente, até que as cenouras adquiram uma cor mais intensa. Adicionar o aipo picado, o caldo de legumes e cozinhar por 30 minutos, até que a cenoura esteja se desmanchando. Bater no liquidificador, adicionar o suco de laranja e as raspas de limão, bater mais um pouquinho, coar em peneira fina e voltar ao fogo para ajustar o sal e a pimenta do reino branca. Ao servir, um fio de azeite e as cebolinhas cortadas.
(aqui acompanhado novamente da torrada, agora de brie...)

10 comentários:

  1. Adorei o texto! Também adoro sopas, queria fazer mais vezes, mas infelizmente acabo não fazendo tanto, talvez por morar num lugar muito quente. Bj!

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  2. Eu adoro, adoro sopas. E além de gostosas são tão práticas, pra gente sozinha como eu, sujam só uma panela e podem ser uma refeição completa.

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  3. Nossa, quanta sopa! E todas com ótima cara. Abs!!!
    Leila

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  4. Wair, obrigado pelo carinho lá no D.S.L e seja bem-vindo. Vou adicionar seu blog lá na lista. Essa receita da torrada de ricota defumada tem aqui no blog? Fiquei com vontade. Grande abraço.

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  5. Pois aí temos uma coisa em comum: eu odiava sopa quando criança. Principalmente quando a minha mãe aproveitava as sobras e batia tudo no liquidificador. "Sopa de Gato", como ela chamava. Uma vez por semana era sofrimento no jantar. Hoje em dia, não dispenso. Comi hoje no almoço um minestrone e agora no jantar uma bela sopa de cebolas (já faz frio em Shanghai).

    Agora, mingau... não me lembro a última vez que comi. Mas taí uma boa idéia: resgatar o mingau. Será sinal de que estou ficando velho?

    abraço
    Rogério

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  6. nossa, saudade de sopa, mas no calor de natal é melhor não, a não ser... receitas de sopas frias já.

    agora sobre seu comentário no meu blog
    ninguém ia me visitar qndo eu morava em BH que é perto da maioria das pessoas queridas, imagina se elas viriam me visitar em Natal... #fato

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  7. E, você sabe? eu acho linda a estética da sopa, como os ingredientes se organizam ao acaso no prato fundo.

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  8. Ai que fofa a Mafalda, gente! e a receita da sopa eu já anotei para os dias mais frios.
    Beijus
    Priscila

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  9. Tenho uma amiga que o negócio dela é torta: sobrou uma carne? Acho que fica bom numa torta, diz ela; resto de frango? vai virar torta...

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  10. Eu sempre gostei de sopa desde que me lembro. Mamãe colocava trigo nela para engrossar o caldo e sustentar e alimentar a toda a família. Ah, aquelas sopas...
    Na escola também dava de cara com elas, eram umas de soja, de carne, de frango (que tava mais para canja).

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